Nas instalações elétricas, o quadro de distribuição é o componente responsável por abrigar um ou mais dispositivos de proteção (e/ou de manobra) e a conexão de condutores elétricos interligados a estes elementos, com a finalidade de distribuir a energia aos diversos circuitos da edificação. “É de grande importância que toda instalação elétrica seja dividida em vários circuitos, devendo cada um deles ser concebido de forma a poder ser seccionado sem risco de realimentação inadvertida”, explica o engenheiro Flavio Vanderson Gomes, professor na Universidade Federal de Juiz de Fora.
Segundo o professor, os quadros podem ser separados em alguns tipos: terminais, circuitos alimentadores e os de distribuição. “Os quadros terminais são aqueles que alimentam exclusivamente circuitos terminais. Já os de distribuição, são os quadros de onde partem um ou mais circuitos alimentadores ou terminais”, diz o engenheiro, lembrando que os circuitos alimentadores têm origem em uma fonte de energia (rede pública, transformador ou gerador) ou em um quadro de distribuição e alimentam um ou mais quadros. “Esses circuitos podem ser monofásicos, bifásicos ou trifásicos”, complementa.
Os circuitos terminais devem ser projetados sem serem sobrecarregados, pois a elevada potência resulta na necessidade de condutores de grande seção nominal, o que dificulta a execução da instalação dos fios nos eletrodutos e as ligações aos terminais dos aparelhos de utilização (interruptores, tomadas e luminárias). “Para evitar isto, é usual prever mais de um circuito de iluminação e tomadas de uso geral, de tal forma que a seção nominal dos fios não fique maior que 4 mm2”, explica o engenheiro. Ele complementa que a divisão em circuitos terminais facilita a operação e manutenção da instalação, além de reduzir a interferência entre os pontos de utilização.
Outra advertência é que os circuitos terminais precisam ser individualizados em função dos equipamentos que alimentam – por exemplo, separar os circuitos da iluminação e das tomadas. “Em unidades residenciais ou similares, são permitidos pontos de iluminação e tomadas em um mesmo circuito, exceto nas cozinhas, copas e áreas de serviço, que devem constituir um ou mais circuitos independentes. Já os equipamentos que absorvem corrente igual ou superior a 10A, como aquecedores de água, fogões e fornos elétricos, máquinas de lavar, entre outros, devem contar com circuitos independentes, sendo permitida a alimentação de mais de um aparelho do mesmo tipo através de um só circuito”, ressalta Gomes.
As proteções dos circuitos de aquecimento ou condicionamento de ar de uma residência podem ser agrupadas no quadro de distribuição da instalação elétrica geral ou num quadro separado. “Quando um mesmo alimentador abastece vários aparelhos individuais de ar-condicionado, deve haver uma proteção para o alimentador geral e uma proteção junto a cada aparelho, caso este não possua proteção interna própria. Cada circuito deverá ter seu próprio condutor neutro”, detalha o professor.
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Flavio Vanderson Gomes – Graduado em Engenharia Elétrica, com mestrado em Sistemas de Potência pela Universidade Federal de Juiz de Fora, e doutorado em Engenharia Elétrica pela COPPE Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi pesquisador do programa PRODOC da CAPES pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Trabalhou por três anos na DIgSILENT (Alemanha) como pesquisador e desenvolvedor de aplicativos para a área de sistemas de potência. Tem experiência na área de transmissão e distribuição de energia elétrica, atuando principalmente no desenvolvimento de modelos e técnicas para análise de sistemas elétricos: fluxo de potência, curto-circuito, otimização e reconfiguração/planejamento de sistemas de distribuição. Desde 2010, trabalha como professor adjunto na Universidade Federal de Juiz de Fora, sendo atualmente coordenador do curso de Engenharia Elétrica — Energia.
Fonte da matéria: AECWeb – https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/quadro-de-distribuicao-pode-garantir-a-seguranca-do-circuito-eletrico_9209_0_